tag:blogger.com,1999:blog-54958796375692118982024-03-07T18:39:37.943-08:00quando nada está acontecendo<br><br>
<a href="http://www.noemijaffe.com.br">meu site</a>
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<a href="http://noemi-nothingsgoingon.blogspot.com.br">blog in english</a>noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.comBlogger917125tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-83783970238094551302017-03-22T11:36:00.002-07:002017-03-22T11:36:37.908-07:00ventaniaa elidia escreveu um texto lindo em que metaforiza um estupro a partir de imagens de uma ventania, confundindo as sensações da menina que sofre a violência com os efeitos de um furacão. a cristina, que trabalha com meninas adolescentes que já foram estupradas, leu o texto para todas elas, que se sentiram representadas pelo texto e que, ao final da leitura, se deram um abraço coletivo. só fizeram um reparo: as frases imitando as consequências da ventania que vinham separadas por espaços grandes, de duas a três linhas, deveriam ter sido escritas sem espaço nenhum, apertadas e seguidas. segundo elas, não há esse respiro durante o estupro.<br />
queria comentar, chegar a alguma conclusão, mas não posso.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-58960655991769391782017-03-09T18:33:00.002-08:002017-03-09T18:33:54.735-08:00lareu sou do lar. nasci nele, nele me criei e moro nele. ele não é meu, mas eu sou dele. pertenço a ele, sou mulher. laris era o espírito que protegia as casas e é daí também que vem a palavra lareira. eu também sou uma lareira. cuido do lar e adoro esse deus que o protege. eu sirvo o lar, sou mulher. às vezes saio. vou ao supermercado ver as flutuações dos preços. o lar me deixa ir, porque precisa conhecer essas flutuações. quando saio e vou ao supermercado volto para o lar flutuando, mas o lar me estabiliza e novamente me assento. sou mulher. digo ao lar: o preço do mamão flutuou dez por cento desde a semana passada. o lar fica bravo, quer saber se a culpa não é minha. não, eu digo. sou responsável pela verificação e não pela variação. o lar compreende. ele é bonzinho. eu sou dele. cuido dele e também faço tudo para que meu marido e meus filhos se sintam bem nele quando voltam lá de fora. eles chegam e pensam: que lar bom.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-16412510831505246402017-02-19T05:11:00.000-08:002017-02-19T05:28:40.492-08:00ilusãoe quando a gente acha que está vendo algo de exclusivo, mesmo que triste, da nossa época, topa com dois versos do byron, em don juan: "society is now one polished horde,/ formed of two mighty tribes, the Bores and the Bored". ou, traduzindo mal e porcamente: "a sociedade agora é uma horda única de educados/ formada por duas tribos valentes, os Pentelhos e os Pentelhados".<br />
<span style="background-color: #fffbec; font-family: "georgia" , "garamond" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 16px;"><br /></span>
<span style="background-color: #fffbec; font-family: "georgia" , "garamond" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 16px;"><br /></span>
<span style="background-color: #fffbec; font-family: "georgia" , "garamond" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 16px;"><br /></span>noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-9005125332733203372017-02-01T03:28:00.001-08:002017-02-01T03:28:50.296-08:00miltonquando milton nascimento me deu um beijo na bochecha e eu não quis lavar o rosto por uma semana, eu achava que iria casar com ele e que teríamos um filho chamado pablo. hoje ouço ponta de areia. passaram-se trinta anos e não casei com ele. ou melhor, casei sim e tive um filho chamado pablo, que hoje mora na nota desafinada e cheia da mais amorosa reverência no "um grito, um ai, casas esquecidas, viúvas nos portais".noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-1614819997990867552017-01-23T05:47:00.004-08:002017-01-23T05:47:58.427-08:00cachorroem "memoires d'hongrie", sandor marai conta que, depois de várias semanas de ocupação pelos soviéticos, logo antes da segunda guerra acabar, quando finalmente os alemães saíram de budapeste, os soviéticos partiram. sandor marai então caminhou cerca de vinte quilômetros para voltar até sua casa e, chegando lá, só encontrou ruínas, destroços e um único livro, totalmente intacto: como criar um cachorro numa casa burguesa.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-32275303736350717972017-01-10T09:48:00.000-08:002017-01-10T09:48:48.390-08:00filosofiaa filosofia, propriamente, começa quando se percebe que não há resposta para a pergunta: o que é o bem? e que é impossível encontrar uma conceituação universal que dê conta de todas as possibilidades contingenciais a ele relacionadas. e a filosofia, a partir daí, passa a ser uma pergunta sem resposta correta, cuja resposta está na ação de sua busca. ao buscar responder o que é o bem, o indivíduo está nesse caminho, pois nele interessado. o bem, para a filosofia ocidental e pós grécia do século quinto, é isso. buscá-lo.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-28852754861947042202017-01-01T13:20:00.001-08:002017-01-01T13:20:23.685-08:00eis"eis" é o fenômeno, a presença, o instante. "eis" é a língua portuguesa, a língua em auge, em transe de gozo falante. "eis" é a própria palavra em estado de soltura aérea, o sol semântico iluminando a página. "eis" é a pessoa viva, chegada, próxima de mim e de você, olhando no olho do furacão anímico e dizendo: "eis-me". "eis" é a vida bruta e líquida, o que é e está, em contraposição a todos os "anti-eis", coisas que não existem, como o dinheiro e a expressão "conforme foi dito acima".noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-44567887181215377402016-12-20T03:32:00.002-08:002016-12-20T03:32:22.113-08:00escudoquando era professor de filologia, em basel, nietzsche pediu aos alunos que, durante as férias, lessem com atenção o trecho da odisséia em que é descrito o escudo de aquiles. na volta às aulas, ele perguntou a um dos alunos se ele havia lido o trecho e o aluno, temeroso, respondeu que sim, apesar de não havê-lo lido. nietzsche, então, pediu a ele que descrevesse o escudo. o aluno ficou quieto e nietzsche aguardou em silêncio durante dez minutos, o tempo que ele estimava necessário para que o escudo fosse descrito minuciosamente. ao final desse prazo, nietzsche voltou à aula, dizendo: agora, depois de ouvirmos a descrição perfeita do escudo de aquiles, podemos voltar à matéria normal.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-23808381915587850672016-12-11T01:29:00.002-08:002016-12-11T01:29:43.664-08:00helsinquenunca estive em helsinque e deveria ter ficado por lá.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-86822949617242189192016-11-26T05:25:00.000-08:002016-11-26T05:25:00.339-08:00futuroo celular me avisa que não tenho nenhum lembrete futuro. mas gostaria de tê-los. gostaria que o futuro me mandasse lembretes sobre como ele terá sido passado. que o futuro sentisse saudades de não ter acontecido ainda. que ele dissesse: não venha agora não, que por aqui as coisas estão complicadas. ou então o contrário: você não imagina como está bom por aqui, aguardo sua chegada ansioso. que ele indicasse o caminho mais longo para eu seguir até chegar nele. ou então que ele se tocasse da sua inexistência e entendesse que, quando ele chegar, ele não será nada. que ele saísse do aviso do celular e ficasse sossegado lá, sem me encher o saco.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-85942210185121374402016-11-10T11:18:00.000-08:002016-11-10T11:18:11.255-08:00mundoo mundo é um homem velho que está dormindo. logo logo ele acorda. acorda, mundo. vem uma criança novinha, passa a mão na sua cabeça, o mundo a ergue, sonolento, não entende onde está, que dia é, que horas são. esqueceu. pergunta à criança: em que lugar estou? ela responde: mundo, você é todos os lugares. mas qual é o dia? o dia é você mesmo. o mundo se espreguiça. não gostou de ser ele mesmo o tempo e o espaço. boceja. menina, você pode me fazer um favor? posso sim, mundo. quando der dez para as nove, de uma terça de manhã, você me acorda de novo? preciso tomar um remédio novo. mas hoje não, tá, por favor. hoje ainda vou dormir um pouco mais. a menina concordou.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-47930008245588349382016-10-31T10:14:00.001-07:002016-10-31T10:15:52.675-07:00confiançauma reação comum, quando apresento uma interpretação surpreendente de algum texto literário, é perguntar: "mas será que o autor pensou mesmo nisso?". acho estranho, para ser delicada. é um tipo de negação da própria surpresa, do espanto estético, da confiança na potência criativa. antes de entregar-se à credulidade, é melhor armar-se de desconfiança: será mesmo? mas em que mesmo a desconfiança ou a comprovação impossível de que o autor teria ou não teria pensado naquilo modificam o espanto interpretativo? em que reside a superioridade inútil de achar que, caso o autor não tenha pensado nesse efeito, a grandeza passa a ser menor? penso que é uma espécie de sub-produto, para o lado estético, do fetichismo hábil da descrença. como descrer é fácil! acreditem, se quiserem gostar de literatura. acreditem nas interpretações mais absurdas, se elas lhes parecerem convincentes, e garanto que serão mais felizes na confiança inútil da ignorância sobre as escusas ou lídimas intenções dos autores.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-87559798926203382102016-10-19T09:09:00.004-07:002016-10-19T09:09:50.672-07:00janelaquando eu era pequena, gostava que, toda a noite, meu pai me contasse a mesma piada: o shlomo e o moishe iam dormir. o shlomo dizia pro moishe: fecha a janela, está muito frio lá fora! e o moishe respondia: mas e se eu fechar a janela, vai ficar mais quente lá fora? essa literalidade burra da piada, que me fazia rir tanto, repetidamente, me acompanha até hoje e me faz pensar se não foi ela, entre outras coisas, que me fez gostar tanto de literatura, um tipo de coisa que faz ficar mais quente lá fora.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-33639696032548897212016-10-03T07:42:00.002-07:002016-10-03T07:42:40.243-07:00beijosão muitas as tentativas de descobrir o que é que diferencia o humano dos outros animais. a história de que os humanos são os únicos que pensam é balela. os únicos que representam, também. escondem os mortos, idem. sugiro uma, talvez infalível: o beijo. o beijo que faz smack. o beijo na boca, de língua, demorado. o beijo roubado, na rua. o na bochecha, imanência da fraternidade. o na testa, de graça, bênção e cuidado. no pescoço, chupado. no umbigo, no pé, na mão, no seio, no pau, no nariz, esfregadinho. beijo de japonês, de judas, de freira, de morte, de moça, de paz, de sinhá. beijoqueiro, beija-flor, beijinho de coco, de bela adormecida. o beijo não nos salvará, porque ele não salva. ele será nossa marca do humano, quase encostando no bicho, tão perto dele que nos humaniza ainda mais e ainda distante, porque o smack e a língua prolongada sempre nos lembrarão de por que viemos ao mundo: para beijar.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-15866060797029069902016-09-24T09:13:00.000-07:002016-09-24T09:13:04.311-07:00careticenecessidade de ordem é caretice. obsessão por resultados é caretice. desenvolvimento acima de tudo é caretice. dançar conforme a música é caretice. submeter-se às circunstâncias é caretice. conformar-se com o inevitável é caretice. achar que os fins justificam os meios é caretice. achar que deus dá o frio conforme o cobertor é caretice. pensar que deus ajuda quem cedo madruga é caretice. imaginar que o prazer é uma compensação pelo trabalho é caretice. acreditar que o só o esforço valoriza a conquista é caretice. dizer cada um com seus problemas é caretice. cada um por si e deus por todos é caretice. a caretice é uma doença e o remédio é desastrar-se.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-82525459732614375152016-09-14T12:35:00.001-07:002016-09-14T12:35:14.234-07:00cuamo palavrões: cu, buceta, caralho, bosta, merda, puta e suas derivações. concentram força, simbolismo e vitalidade e, ao mesmo tempo, conferem leveza e humor ao enunciado. "cu", por exemplo, seja em "vai tomar no cu", ou em "idiota é o teu cu", conjuga, em apenas duas letras, as ideias de segurança e de "não chega perto porque vou dar o troco". nesse sentido, "cu" está bem próximo de "caralho". já "merda" chega a imprimir à frase noções de lirismo, desamparo e pedido de ajuda. é só ouvir alguém dizer "merda" e sentir vontade de ajudar. com "bosta" ocorre algo semelhante. "puta" é altamente maleável e serve para elogios, reclamações, esquecimentos, tudo com alto teor de expressividade e afeto. palavrões são patrimônios da língua, sempre a postos para transformações, adaptações e novidades e sempre de forma sucinta e potente. vão sobreviver às palavras chatas, como "altissonante" e "de acordo" e o "fodido", coringa campeão, se deus quiser ainda enterrará o insuportável "ferrado".noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-48681005695838201482016-09-07T14:19:00.002-07:002016-09-07T14:19:31.698-07:00suzimeu cunhado trabalhava numa agência de publicidade que tinha a conta da k-suco. por isso ele conseguiu, clandestinamente, que eu ganhasse dois dos prêmios que vinham sendo oferecidos a quem encontrasse embalagens premiadas: uma boneca suzi e uma bola oficial de futebol. fui com minha mãe, de ônibus, até a fábrica da kibon, no morumbi. era bem longe do bom retiro, mas voltamos de lá com a boneca e a bola, que fez muito sucesso entre os meninos da classe, por ser oficial. eles vinham especialmente até minha casa para jogar com ela no quintal do prédio. da boneca eu não lembro nada. só da ida à fábrica e da bola, coisas que ainda estão aqui, ainda que vítreas.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-67990196793926746392016-08-24T11:57:00.001-07:002016-08-24T11:57:46.187-07:00vertigemas palavras como se tirasse água de um ovo pelo buraco de uma agulha. os sons como se agarrasse a luz de uma pedra. os ardidos como se contornasse as cordas vocais com a língua. as cores como se uma sabiá atravessasse o pacífico a nado. os abraços como se uma criança faminta soprasse um apito infinito e o mundo parasse, ouvindo-o. esse som, escutem, a espera acabou e seremos todos salvos, como se só ela, essa criança, nos lançasse para o sol.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-82590208964371160832016-08-17T16:06:00.001-07:002016-08-17T16:06:40.771-07:00pelosfui conferir meus pontos num sistema de prêmios chamados multiplus, que corresponde aos gastos no cartão de crédito. já tinha um número razoável e a tati disse que eu talvez pudesse conseguir um prêmio interessante. o resultado foi que eu tinha direito a um instrumento para tirar pelo do nariz. não sei como se chama esse objeto. não tenho pelos no nariz. mas penso que, finalmente, o capitalismo cumpriu sua função e disse a que veio. o que pode ser mais útil e essencial do que isso? tirar pelos do nariz ocupa o tempo e o corpo, ou seja, faz com que a pessoa se distraia de si, o que a leva ao despojamento da matéria, de tudo o que lhe pesa no espírito e no bolso. tirar pelos do nariz arranca a pessoa do frenesi de consumismo e alienação do mercado. tirar pelos do nariz faz com que as pessoas se tornem menos capitalistas. é o capitalismo, em sua essência, levando a sua auto-destruição. as profecias cumpridas de marx. não quis a coisa, não resgatei o prêmio. deixei acumular para, talvez, um descaroçador de azeitonas. e, depois, não queria ser eu a destruir a importância de movimentos como o occupy e as jornadas de junho de dois mil e treze.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-22032664569245844892016-08-11T07:29:00.000-07:002016-08-11T07:29:07.886-07:00bodetodos os dias acordo para uma nova etimologia. não sei qual ela será. talvez claraboia, que é caminho claro ou enjoo, que vem de ódio. tanto quanto eu a procuro, ela me acha e, quando ela me chama, atendo. sou eu que estou sendo descoberta e encontro, em minhas origens, raizes que vêm do árabe e do japonês. vou folheando dicionários, comparando passados e adivinhando as derivações, concluindo que a etimologia é, tanto quanto uma ciência, também uma história, um caso e uma previsão conveniente da memória. por exemplo, filólogos supõem que tragédia venha de tragos, bode, mas isso não é uma certeza. penso: quero que seja o bode, pois assim o bode expiatório seria o trágico acima de tudo. e, como quero, assim será. minto a certeza do bode. traio os leitores e espero, pacificamente, que eles me perdoem ou esbravejem. vocês que nos adivinhem.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-20409859003379942672016-08-05T06:32:00.001-07:002016-08-05T07:44:29.679-07:00noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-92162693987504712202016-08-05T06:32:00.000-07:002016-08-05T07:44:21.145-07:00gatasabe por que minha gata é linda? porque ela não sabe que não sabe; porque ela sabe, sem que o saber tenha objeto; porque ela olha para as coisas como se as coisas fossem ela e ela fosse as coisas; porque agora, agora mesmo, é agora e esse agora fica completo quando olho nos olhos dela; porque a consistência do seu corpo carrega uma gata que coincide exatamente com os limites que ela desenha no espaço; porque ela me ama sem pensar que me ama, nem sabendo o que é amar; porque ela está além, e, por isso, aquém de alberto caeiro e de drummond; e até de e.e.cummings, que queria ter chegado nela; porque ela é igual a todos os gatos mas diferente de todos eles; porque ela é uma dama perto da minha cachorra, que, por sua vez, é uma vagabunda e é por isso que também amo ela; porque ela me explicou, um dia, o que era a elegância e eu não entendi muito bem, mas pelo menos agora tenho um modelo inatingível; porque ela tem um rabo que mexe de um jeito diferente para cada coisa e, finalmente, porque ela gosta muito de danoninho sabor morango.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-53623912407141441562016-07-31T08:05:00.001-07:002016-07-31T08:05:12.671-07:00óbvioescrevo porque quero reconhecer a obviedade do óbvio. escrevo porque quero desconhecer a obviedade do óbvio.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-63897253070296309522016-07-23T06:54:00.003-07:002016-07-23T06:54:53.587-07:00vãodesorganizar os roteiros agradáveis do mesmo e especular as estrelas do nada abracadábrico do vão.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5495879637569211898.post-20882131508636357112016-07-18T10:43:00.000-07:002016-07-18T10:43:07.053-07:00nadaàs vezes acho, sinto, que estou quase raspando no não nome, no não centro, no centro do quase nada, no nada do quase, até lá. mas, logo, então, resisto. retorno para o nome errado das coisas que são quase coisas, quase palavras, quase reais. fico aqui, onde se pode, por pouco, ainda fazer uma coisa, quase nada, pelo que não foi, não é, talvez seja. quem sabe lá, onde quase fui, que avistei, também desse, mas lá é tão longe, tão perto, não vou, não.noemihttp://www.blogger.com/profile/05254147277221319292noreply@blogger.com2