um dos títulos que cogitei para meu último livro, "o que os cegos estão sonhando", era "a flecha tardia", expressão que encontrei num poema de paul celan, talvez o único poeta que conseguiu, mais do que falar sobre a guerra, dizê-la. desisti porque soava solene e artificial para o propósito do livro. mas sempre que revejo "a flecha tardia" sei que ainda vou usá-la: pegá-la aqui, no futuro daquele tempo, ela que foi atirada às cegas como quem joga uma garrafa no mar; ela que não foi atirada mas que apareceu aqui, agora; ela cujo caminho carrega o século em si. todo remetente encontra, enfim, um destinatário; mesmo que não seja aquele que imaginou, nem no lugar, nem no tempo.
a imagem de uma flecha tardia é muito linda.
ResponderExcluirmas "o que os cegos estão sonhando" é perfeito para o seu livro -- e que livro, Noemi! Tô amando.
beijo
às vezes demora tanto tempo... que a gente nem lembra mais se foi quem enviou a mensagem ou se é quem a espera chegar...
ResponderExcluiro que eu sei é que flechas machucam.
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