o pingo está bem velhinho, surdo, meio cego, fraco das pernas e um pouco esclerosado. fica andando sem parar, pra lá e pra cá, desgovernado e carente. quando saio para a rua, fico pensando nele dentro de sua casinha. provavelmente, ele não está pensando em nada e nem sofrendo. mas ele está lá e tem um ser, algum tipo de individualidade só sua. o que o constitui? como é o seu ser velho? como estar junto de sua solidão velha e atendê-lo nas necessidades que ele mal sabe expressar, além de olhar e andar? a velhice explode como a condição de um eu vazio, como que pedindo: seja por mim. sua velhice me faz pensar na minha.
Nossa, Noemi, essa sua última frase me fez pensar na experiência que vivi no ano passado com três dos meus cães (dois velhinhos e um nem tanto) ... mas eles realmente fazem a gente refletir sobre a nossa finitude ... e nos ensinam horrores ...
ResponderExcluirAna Gibson
ai que dor!
ResponderExcluirNoemi, primeiro vi o pingo da chuva velhinho e cansado tentando pular daqui-pracolá, bem atrapalhado. Em seguida vi um pingo do trema defenestrado, por isso fraco das pernas, perdido, demente.
ResponderExcluirFoi só depois que percebi o seu Pingo deitado na casinha matutando coisas pra te encandecer. Tão vivo.
a velhice explode como a condição de vazio.....é contundente! comecei a pensar na minha e na do Pingo
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