domingo, 8 de março de 2015

fábula

então ela não amou seu filho assim que ele nasceu. estranhou aquele desconhecido. e passaram-se alguns meses e ela ainda não o amava. tinha sonhos ruins. amamentava, acompanhava os progressos e gostava quando, às vezes, ele parecia reconhecê-la. chorava por ela e ela vinha, pressurosa mas não incondicional. gostava daquela presença tão vizinha, mas não sentia um arrebatamento. um dia ele quase caiu. ela o salvou com certa ferocidade. estranhou. seria isso? segurou-o mais forte. ensaiou um abraço, como se o conhecesse de há muito e como se há muito não o visse. perguntou: está tudo bem? e, como ele não respondesse, ela mesma disse: está sim, está tudo bem.

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