quarta-feira, 13 de maio de 2015

utopia

no início o homem criou a cidade e o campo. e na cidade os homens se organizavam e desorganizavam, e no campo os homens se espalhavam e se concentravam. e o homem viu que era bom. dia um. no dia dois, o homem criou as palavras e, com elas, os nomes. e os homens passaram a se chamar uns aos outros e as coisas se aproximaram. e o homem viu que era bom. dia dois. no dia três, o homem criou as trocas e os presentes. e os homens, nas cidades e nos campos, trocaram pimentas por burros e palavras por martelos. e o homem viu que era bom. dia três. no dia quatro, o homem criou o papel e os pequenos cantos. e os homens se recolhiam, reapareciam, escreviam e liam. e o homem viu que era bom. dia quatro. no dia cinco, o homem criou o amor e o ódio, a alegria e a tristeza. e os homens fizeram amor e filhos e brigavam e faziam festas. e o homem viu que era bom. dia cinco. no dia seis, o homem criou as viagens e os descobrimentos. e os homens foram da cidade para o campo e do campo para a cidade e descobriram os óculos e o gramofone. e o homem viu que era bom. dia seis. no dia sete, o homem criou as histórias e os brinquedos. e os homens inventaram e brincaram. e o homem viu que era bom. dia sete. no dia oito o homem não criou deus, porque tudo estava bom assim.

2 comentários:

  1. THE ANIMALS

    They do not live in the world,
    Are not in time and space.
    From birth to death hurled
    No word do they have, not one
    To plant a foot upon,
    Were never in any place.
    For with names the world was called
    Out of the empty air,
    With names was built and walled,
    Line and circle and square,
    Dust and emerald;
    Snatched from deceiving death
    By the articulate breath.
    But these have never trod
    Twice the familiar track,
    Never never turned back
    Into the memoried day.
    All is new and near
    In the unchanging Here
    Of the fifth great day of God,
    That shall remain the same,
    Never shall pass away.

    On the sixth day we came.

    - Edwin Muir (1887-1959)

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  2. e no dia nove olhavam o desconhecido e nomeavam-lhe deus. criavam o criador e instalavam a confusão. o desconhecido de uns não era o imperfeito desconhecido de outros. e assim iam...

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