sábado, 7 de novembro de 2015

enlatados

matei uma pessoa, mas o assassinato foi com uma arma não letal, um fio de barbante, desses que se compram no supermercado e a pessoa, afinal, nem era tão importante, ninguém vai reparar na sua falta, ele nem conhecia ninguém e ninguém o conhecia e depois eu estava com uma vontade danada de matar uma pessoa, então acho que nesse caso não fiz nada de ilegal, ou ao menos não tão ilegal assim, porque essa pessoa era somente usufrutuário da vida, não exatamente o dono, porque o dono é sempre deus e eu somente desautorizei o usufruto da vida por essa pessoa, ou melhor do ativo "vida" por essa pessoa. eu não tenho ativos desse trust, a vida, sou só mais um beneficiário, que, por uma demanda interna e circunstancial, tirou o benefício de outra pessoa, mas foi só uma vez, um instante, em troca de todo o resto que já fiz nesse benefício, a vida, de todos os outros ativos que já conquistei, não foi nem nada. o morto, agora, é só carne enlatada.

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