quarta-feira, 11 de maio de 2016

psicanálise três.

digamos que um psicanalista descobre, na fala de um paciente, um lapso que trai sua aparente generosidade. ele descobre, no fundo de uma fala inocente e humilde, um desejo narcísico e vaidoso. a partir desse momento ele passa a revelar, ao paciente, que sua bondade não é mais do que um disfarce útil e repressivo de um narcisismo mal resolvido. me pergunto: e daí? isso não pode revelar, na verdade, um julgamento moral do inconsciente alheio, por parte do psicanalista? não pode revelar mais sobre quem fala do que sobre quem sofre o diagnóstico? não seria toda generosidade o disfarce de um narcisismo enrustido? isso não seria uma forma madura de lidar com o problema, se é que se trata de um problema? o psicanalista pode acusar o inconsciente do paciente? não se corre um risco aí ou se trata simplesmente de uma prática simplista da psicanálise e o psicanalista é ruim?

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