quarta-feira, 14 de setembro de 2016

cu

amo palavrões: cu, buceta, caralho, bosta, merda, puta e suas derivações. concentram força, simbolismo e vitalidade e, ao mesmo tempo, conferem leveza e humor ao enunciado. "cu", por exemplo, seja em "vai tomar no cu", ou em "idiota é o teu cu", conjuga, em apenas duas letras, as ideias de segurança e de "não chega perto porque vou dar o troco". nesse sentido, "cu" está bem próximo de "caralho". já "merda" chega a imprimir à frase noções de lirismo, desamparo e pedido de ajuda. é só ouvir alguém dizer "merda" e sentir vontade de ajudar. com "bosta" ocorre algo semelhante. "puta" é altamente maleável e serve para elogios, reclamações, esquecimentos, tudo com alto teor de expressividade e afeto. palavrões são patrimônios da língua, sempre a postos para transformações, adaptações e novidades e sempre de forma sucinta e potente. vão sobreviver às palavras chatas, como "altissonante" e "de acordo" e o "fodido", coringa campeão, se deus quiser ainda enterrará o insuportável "ferrado".

6 comentários:

  1. noemi, aqui na Bahia o forte é 'Porra'. Pode ser simplesmente tudo. bj

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  2. ainda falta o antigo "cara de cu" com que as avós resumiam todos os desagrados.

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  3. Sensacional! Certa feita publiquei um fanzine de nomes feios, ficou lindo, as pessoas encontravam os que nunca tinham ouvido dizer e adotavam...
    Belíssimo texto Noemi!

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  4. Quem diria que até nisso você se sobressaísse! Parabéns e meus cumprimentos

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