segunda-feira, 3 de outubro de 2016

beijo

são muitas as tentativas de descobrir o que é que diferencia o humano dos outros animais. a história de que os humanos são os únicos que pensam é balela. os únicos que representam, também. escondem os mortos, idem. sugiro uma, talvez infalível: o beijo. o beijo que faz smack. o beijo na boca, de língua, demorado. o beijo roubado, na rua. o na bochecha, imanência da fraternidade. o na testa, de graça, bênção e cuidado. no pescoço, chupado. no umbigo, no pé, na mão, no seio, no pau, no nariz, esfregadinho. beijo de japonês, de judas, de freira, de morte, de moça, de paz, de sinhá. beijoqueiro, beija-flor, beijinho de coco, de bela adormecida. o beijo não nos salvará, porque ele não salva. ele será nossa marca do humano, quase encostando no bicho, tão perto dele que nos humaniza ainda mais e ainda distante, porque o smack e a língua prolongada sempre nos lembrarão de por que viemos ao mundo: para beijar.

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