domingo, 16 de janeiro de 2011

beija-flor

vi um ninho com dois filhotes de beija-flor. num dia, cada um olhava para uma direção diferente. no dia seguinte, os dois, já maiores e com o pescoço bem esticado, olhavam para a mesma direção. no terceiro dia, só havia um, já bem mais crescido. enquanto eles estavam lá, sabia que, ao menos para mim, eles sustentavam o mundo. podia dormir segura, porque eles velavam pelos homens. e tinha mais certeza ainda disso tudo, porque sabia que o que os fazia sustentar o mundo inteiro era porque eles não o sustentavam em nada. nada mesmo. só ao farelo que sua mãe lhes traria no bico e ao espaço de um milímetro que lhes cabia.

Um comentário:

  1. Bonito, bonito.

    Certa vez escrevi: quando descobri os seis ovos branquinhos branquinhos no meio do mato, como numa manjedoura, fui tomado por súbita compaixão e alegria doce; corri até a cozinha de chão batido e, em abençoada concentração, macerei o medo no pilão de madeira da minha avó.

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