sexta-feira, 15 de abril de 2011

intuição

pode ser impossível narrar alguma coisa ou porque ela está muito além ou muito aquém da linguagem. aquém da linguagem estão as percepções súbitas, as intuições, as sensações. além da linguagem estão as coisas que passaram pela linguagem, foram expressas mas a superaram, no sentido de que voltaram para o nível das intuições, já tendo passado pelo canal expressivo. são intuições e sensações tão fortes, tão carregadas de significado, tão plenas, que a linguagem não dá mais conta delas, embora ela tenha sido necessária para dar forma àquilo. nesses casos, a linguagem serve de ponte para um caminho circular que vai da intuição como palpite para a intuição como certeza, reconhecimento, força mobilizadora. foi esse, ontem, o caso com pina bausch.

2 comentários:

  1. Eu tenho problema com algumas danças, com outras não. Gostei muito de ver Antonio Gades dançar. Caetano Veloso (odeio) fez um filme lamentável em que, num certo ponto, mostra o irmão mais velho dançando: é muito bonito. Vi uma mulata linda dançar um samba num comercial de Guaraná Antárctica há uns anos atrás que não esqueço (e a mulata vestia jeans e camiseta). Agora o problema: vi um Pina Bausch no Teatro Municipal de São Paulo com a própria dançando - há uns 20 anos atrás - e me enchi daquilo já no primeiro minuto. Do segundo minuto em diante a sensação só piorou. Foi uma das piores hora e meia da minha vida, fácil. Pode anotar no meu prontuário: odeia Pina Bausch.

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  2. que pena, álvaro! mas não vou anotar nada em prontuário nenhum, não.

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