quinta-feira, 16 de junho de 2011

esquecimento

tenho pensado que aquilo que se esquece é mais verdadeiro do que o que se lembra. o que se lembra é carregado de versões, conveniências, fantasia, necessidade, deslocamento e montagem. não que por isso seja menos legítimo; mas é o que a memória pode e, ao mesmo tempo, precisa. já o esquecido, não. não há como acrescentar nada ao que se esquece. o esquecido é tão verdadeiro, que precisa ser riscado a corte seco e rente. a verdade parece estar mais no vazio, num oco que eventualmente pode ser preenchido. mas a lembrança que possivelmente o preencherá já será uma verdade na justa medida do que a memória pode e quer. a verdade e a mentira são cabimentos do belo e da dor.

2 comentários:

  1. também tenho pensado nisso. as memórias nos viciam. aí me questiono : o vício é mau de fato ?

    ResponderExcluir
  2. VOCÊ, AO QUE NOTO, TEM O DOM DE DIZER QUE PAU É PEDRA COM TANTA PROPRIEDADE QUE QUASE CONCORDO. MAS NÃO ACREDITO NISTO, ACREDITO QUE AS LEMBRANÇAS SÃO MAIS VERDADEIRAS QUE O ESQUECIMENTO, AINDA QUE SEJAM VERDADES ÚNICAS E INDIVIDUAIS... O VAZIO É O CAOS E TAMBÉM A LIBERTAÇÃO DA ALMA; O ESQUECIMENTO É A RECICLAGEM E O DESCARTE DAQUILO QUE PARA NÓS NÃO TEM IMPORTÂNCIA OU TORNOU-SE INÚTIL. QUANTO A FRASE: "A VERDADE E A MENTIRA SÃO CABIMENTOS DO BELO E DA DOR", ESTOU PERPLEXA E CONTENTE - PORQUE COM ELA ME EXIMO DA DOR QUE CAUSO E DA ANGUSTIA CAUSADA PELO BELO QUE IDEALIZO. É O QUE CHAMO DE CRENÇA DE CONVENIÊNCIA. RS...

    ResponderExcluir