domingo, 17 de julho de 2011

frustração

um dos índices mais significativos de como cada um é inapelavelmente solitário é a tentativa sempre frustrante de contar um sonho - bom ou ruim - a alguém, mesmo que seja alguém bem próximo. durante o sonho, vive-se com máxima intensidade e frescor cada cena, cada sensação, especialmente quando se trata de um pesadelo, quando o horror parece interminável, completo. acorda-se e agarra-se a tentativa de contar. nesse instante, parece que contar será tão certo e poderoso quanto o sonho. e aí, a revelação: as palavras não alcançam nem uma fração do que se viveu e o outro diz, no máximo: nossa, que coisa!

6 comentários:

  1. é que estamos irremediavelmente encarcerados na solidão absoluta da impressão digital

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  2. mestra, palavras demais, concorda?

    digamos assim: 'noemi, é que estamos encarcerados na solidão absoluta da impressão digital'

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  3. por isso falo pouco, as vezes, até para meus pensamentos eu respondo "nossa, que coisa!" - ou para economizar prosa - quando ouço um amigo, digo apenas "nossaaa!". será que sou uma extra-terrestre em meu universo particular?

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  4. mesmo sem ter como alguém viver o que conto... o bom mesmo é ter alguém pra contar...

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  5. Escrever sobre o que sonhou parece mais produtivo do que contar pra alguém... Mas entre produzir e compartilhar, o último parece sempre ser uma angústia maior. Por que será? Abraços.

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  6. Ah as palavras, intenções natimortas, dissolvidas no vento, incomunicáveis. Não expressam senão a sombra do que representam, jamais tocam os ouvidos como deixam as bocas…

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