segunda-feira, 3 de setembro de 2012

chiça

tenho tamanho desprezo por essa pessoa, que me recuso até a dizer seu nome. acontece que, ao recusar-me a isso, dou a ele uma importância que ele não tem. mas, se para não lhe dar essa importância, digo o nome, sinto minha boca se sujar. o nome cola na língua, gruda na gengiva. preciso encontrar um apelido à altura de sua pequenez, sem que isso dê a impressão de que ele é desprezivelmente importante para mim, ou importantemente desprezível. seu apelido, portanto, a partir de hoje, será "reles". e quando eu ouvi-lo falando ou tiver que ler o que ele escreve, direi: vá à fava! vá bugiar! vá à tabua! uxte! chiça! fu! cebolório! irra! passa fora, reles!

Um comentário:

  1. Te sugiro um caderninho de capa preta e uma caneta com tinta indelével. Depois que eu escrevo em letra de forma um nominho no meu caderninho de capa preta, acabou. A pessoinha passa a ocupar um lugar especial: o dos mortos em vida. Para ilustrar meu comentário, aqui vão algumas iniciais de pessoinhas públicas que jazem no meu caderninho: DM, LFP, JPC. Eles escrevem, eu não leio. Se aparecem na minha super tv de led, não chegam a dizer uma palavra completa - na verdade, nem tempo de dizer a eu concedo à essas criaturas, à essas reles criaturas.

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