terça-feira, 8 de março de 2016

agenda

num mercado de pulgas, em berlim, comprei uma agendinha antiga. agora, folheando-a, vejo que é de mil novecentos e trinta e dois, e pertenceu a uma mulher chamada ethel hechel, ou heckel. ela coloca o endereço e, no google streets, vejo a rua e o prédio em que ela provavelmente morou. sua letra é tão delicada e ela escreve poucas coisas. nunca poderia imaginar que, oitenta anos mais tarde, estaria nas mãos de uma brasileira, em são paulo.
quando eu morrer, por favor, alguém venda minhas agendas para um mercado de pulgas, uma benedito calixto, para que, daqui a oitenta anos, uma bailarina das ilhas fiji, de visita a são paulo, compre-a e, lá no pacífico, nas máquinas de então, veja minha casa por um holograma pluridiomensional, meu tapetinho de banheiro, minha xícara de asa quebrada e fique se perguntando se eu fui ou não ao médico marcado para o dia oito de outubro.

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