segunda-feira, 6 de setembro de 2010

dança

fui ver o ensaio dos dançarinos da são paulo companhia de dança. não consigo nem imaginar que o espetáculo seja mais bonito do que o ensaio. ensaiando, eles se olham no espelho, testam todos os movimentos diversas vezes, sorriem e fazem caretas e eu, a espectadora, posso ver os seus corpos bem próximos de mim. não são corpos. são verdades moventes, extensões do espaço, a própria verticalidade e horizontalidade caminhando puras em minha direção. a linda menina que faz o fauno de debussy, depois do ensaio, vem conversar comigo: "como a vida é sem graça quando não sou um fauno." menina, você é a graça que, por sorte, também solta palavras que consigo entender. as outras, as línguas que esses dançarinos falam, estão em dicionários secretos e é preciso conhecer códigos ocultos para abri-los. por enquanto, só me resta olhar, por uma fresta do muro do mundo, essa totalidade que fala uma língua adâmica.

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