quinta-feira, 2 de setembro de 2010
sapatos
ali, deitada na cama dela, fiquei olhando os sapatos ao pé do armário e o cabide pendurado na maçaneta da porta. no cabide, a roupa que ela vestiu ontem. a camisa lisa de manga estampada, com as mangas ainda arregaçadas, tão a cara dela, tão bem penduradinha. a bolsa imitando couro de crocodilo, compacta, com um fecho dourado, em outra maçaneta. outra bolsa mais para um canto mostrava que ela tinha ficado na dúvida, na noite anterior, sobre qual combinava melhor com a roupa. mas os sapatos, especialmente eles. pequenos, com um salto baixo, também bege, ali, um ao lado do outro, me fizeram pensar como aquilo que eu via era ela viva, como a sinto viva e próxima naqueles sapatos dispostos daquela forma e como não quero nunca vê-los guardados não ali, mas dentro de algum armário.
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