terça-feira, 19 de outubro de 2010

mortadela

de algumas coisas que mais me lembro na vida: o pedacinho de vidro de garrafa tônica que eu quase engoli; o sanduíche de mortadela da padaria da tocantins com a guarani; o dinheiro enrolado num elástico que meu pai carregava no bolso lateral da calça de tergal; o henrique se escondendo atrás da cortina enorme da sala da quarta série e me gritando búuuu; o zé maria me chamando de boemiiiiiia quando eu entrava na sala do segundo a; minhas cinco viagens completas entre santana e jabaquara quando o metrô inaugurou em mil novecentos e setenta e quatro; o seriado da família holandesa que naufragava e vivia numa ilha com casinhas no topo das árvores; a brincadeira que eu e a suely fazíamos no rádio da sala da casa dela, fingindo que era foguete; o toddy batido no liquidificador na casa da tia richa; o porta guardanapo com nome do dono, na mesma casa da tia richa; o táxi de um banco só em que minha mãe e eu íamos ao cine paissandu, todos os domingos de manhã, assistir à matinê; os dois pastéis de queijo que minha mãe me comprava no largo do paissandu, depois da matinê; o menino que, enquanto eu dormia numa poltrona do ônibus, na volta da colônia de férias, se sentou lá de surpresa e, quando eu abri os olhos, disse que gostava de mim.

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