domingo, 20 de novembro de 2011

espiriteira

alguma coisa na distinção tão nítida entre a paixão e o amor não me convence. parece tão claro que a paixão é fogo, que ao consumir o objeto também se auto-consome e que o amor é ar, água ou terra, meios menos agressivos, mais duradouros, mas também por isso mais exigentes do seu objeto, já que ele é obrigado a interagir com eles, tornando-se assim também sujeito. a ideia grega da paixão como doença e passividade, que rouba a razão à criatura e o transforma em objeto dos sentidos já pode ser ultrapassada, assim como já foram várias outras. por que a paixão ainda precisa ser isso, se já não há mais o tabu da fidelidade eterna e da exclusividade? por que não começarmos a reeducar alguma coisa em nós para que a ideia de paixão possa se misturar com a ideia de amor (afinal, é tudo ideia) e para que os amantes possam seguir apaixonados e o fogo possa ser dosado, como numa espiriteira?

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