quinta-feira, 19 de abril de 2012

fusão

embora goste muito das narrativas fluentes, também sempre me senti atraída por aquela que os críticos chamam de literatura difícil - obscura, cifrada, experimental. octavio paz, no livro sobre marcel duchamp, o castelo da pureza, explica justamente que a arte fundida à vida - que todos sempre pensamos tratar-se da indistinção entre a biografia do artista e sua criação - pode também ser a arte difícil, porque é ela que obriga o leitor e o espectador a converter-se em um artista ou um poeta. o ciframento linguístico, contanto que carregado de intencionalidade, faz com que o leitor pare, demore, estude e reconstrua a linguagem e o conteúdo do texto. a arte, assim, necessariamente se funde à vida do leitor e não somente à do artista.

3 comentários:

  1. Você estava pensando em algum livro em especial quando escreveu este texto?
    bia

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  2. não, bia, não pensei em nenhum livro específico. mas podem ser muitos: do beckett, joyce e por aí vai. beijo!

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  3. e o leitor, ao recontar a arte que se fundiu à sua vida, torna-se criador de uma nova arte que irá se fundir à vida de novos leitores. E os acadêmicos ficarão malucos com a questão dos direitos autorais.

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