quinta-feira, 12 de julho de 2012
entretenimento
perguntaram a jonathan franzen se a função da literatura é entreter. com ressalvas, ele acabou dizendo que sim. costumo atribuir a esta suposta "função" da literatura o papel de algo menor; digamos que inevitável. digo que sempre prefiro o perturbador ao divertido. mas se entreter, divertir e deleitar forem entendidos etimologicamente, como "manter entre", "desviar-se" e "obter delícia", então tudo muda. a literatura é mesmo o que nos mantém entre dois lugares: não somente no ficcional (o que seria o entretenimento menor),mas também no real. a ficção nos lança de volta ao real de maneira nova, esquisita, outra. é também o que nos desvia do conhecido e que, com isso, com essa localização fronteiriça e esse estranhamento, nos delicia.
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Noemi, post especial, parabéns.
ResponderExcluirDeixe separadinho pro próximo livro, por favor!
Um beijo,
Juliana.
a linha tênue da água embaixo da chuva, sobre o asfalto.
ResponderExcluirNinguém perguntou mas...eu só chamo de literatura o que entendo que é invenção; novo. Invenção: o contrário de convenção. A maior parte das pessoas é convencional, apenas, mas o tempo todo (o que torna boa parte das pessoas não-potáveis, rsrsrs, infelizmente, mas essa é outra história). Só de vez em quando, mas de vez em quando mesmo, mas muito de vez em quando, aparece um escritor que dá um passinho ou um passão à frente na história e muda, no fim das contas, a vida de todo mundo para melhor. Esses são os inventores, os que produzem o que eu chamaria de literatura. E literatura, para mim, nada tem a ver com uma história em si. Tem a ver com como a história é contada, apenas. Otto Lara Rezende, numa crônica, contou o assalto que sofreu de Maurinho Branco, o bandido mais procurado do Rio de Janeiro à época. A crônica começava assim: Quando Maurinho Branco assaltou minha casa e não roubou muito mas roubou tudo, etc. Eu acho que tem muita coisa nessa simples frase, que me serve, que me modificou. É só uma frase mas eu sempre me lembro dela; me dá um calorzinho bom por dentro...! E por fim, já que ninguém vai perguntar mas eu vou me sentir melhor se disser, João Guimarães Rosa não inventou nada que preste (para mim, claro) e Noemi Jaffe é uma inventora, uma grande escritora – que aliás, gosta muito de Guimarães Rosa, o que considero um capricho pessoal dela...rsrsrs. Fui!
ResponderExcluirAh! a literatura ou me mata ou me dá o que eu peço a ela!
ResponderExcluirDiário do hospício - Lima Barreto
Flaubert, Tolstoi, Jonathan, Clarice, Henry, Manu, Anton, Nelson, Jaime Ovalle, Machado, João, Luis, Mario de Andrade e todos os demais macumbeiros fizeram a festa. E tudo acabou se fazendo a vida real.
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