quinta-feira, 14 de março de 2013

para a leda.

uma baleia não existe. toda a não existência - o silêncio, o tempo em si mesmo, as extensões espaciais, a duração, o ritmo, as folhas que caem no outono, a altura das montanhas, a aspereza das pedras, o casco das tartarugas, a periculosidade do tubarão, o trabalho infinitesimal da bactéria, a luz baça de alguém que está quase cego, a sombra de quando anoitece, o pelo dos gatos, a umidade da madeira das árvores, o colar no pescoço de uma mulher na floresta, a cor da pele, o momento de nascer e o momento de morrer, o sono, os sinos tocando nos templos, a água que sai da torneira - está condensada numa baleia. só a baleia é nossa garantia de que tudo isso possa continuar não existindo, para nosso ínfimo consolo.

3 comentários:

  1. ignóbeis cachaços coaxam fúrias e borboletas
    um olho mágico fica abstraído e cai no poente
    tartarugas tartamudeiam nos espaços fechados dos poços
    algo empilha vaginas
    ossos
    estranhezas
    a dor silência no ocaso...

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  2. e tem essa coisa de ficar buscando a baleia...

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  3. Eu nunca vi uma baleia frente a frente. Mas já vi o mar, onde ela vive. Talvez a baleia já tenha avistado a terra, num daqueles pulos que sei que ela dá nuns filmes que já vi (não sei se eram montagens... vai saber!!?...). Uma coisa é certa: uma baleia nunca me viu. Somos, por enquanto, inexistentes uma para a outra. Mas, é melhor assim... as inexistências existentes me assustam muito. Não sei se tenho muito fôlego, ainda, para me assustar tanto...

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