quinta-feira, 22 de agosto de 2013

lado

chutei um cachorro morto
foi fácil.
ele tombou mais para o lado
e permaneceu imóvel,
como fica um morto
quando o chutam.

assim que o joguei
- o coveiro às pressas -
na cova que criei
- o vigia da rua acima -
ele despencou,
não reagiu,
foi fácil.

agora ossos
a grama cobriu
- o moço tinha dito mesmo -

2 comentários:

  1. tenho dois cachorros vivos que dormem ao meu lado. para os que sei que falar sobre isso chega a causar repulsa, fico quieta. ela, duas daschunds, chegaram para ficar do lado, junto. chegaram quando o lado do que é chamado ficar sozinha , ainda não falava tão alto ou mesmo gritava. Hoje, esse lado pesa, aumenta a escoliose, dói, ri, tira foto na rua ou de conhecido, briga com o que acontece por todo o lado, o tempo todo, por onde anda. está sempre acontecendo alguma coisa, é só prestar atenção. chega a sentar de lado para escrever, mas são tantos lados. de qual preciso e devo falar? cadê seu projeto, fala o lado de lá! Sem projeto, não tem lado, não tem desejo! E assim, deixa você de lado, como se nunca estivesse estado, do seu lado, durante quase 10 anos. se pudesse olhar para o lado, teria visto, ouvido e sentido muita coisa. mas também não é desse lado que interessa falar, agora. Não mais.

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  2. o bom do mundo é que vários cães- mesmo que distintos- formam uma matilha, incontestável.o bom das coisas é que os mortos, em muitos casos falam e se pronunciam com a sensatez que nunca tiveram, em vida. o bom é você falar de sorte e o outro, falando do mesmo assunto, dizer-se feliz ou desmilinguido.o bom é o diálogo sem preconceito e o saber ouvir-se, com atenção e interesse. o mau é quando enterramos o cão e não sentimos saudade...

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