sexta-feira, 20 de setembro de 2013

padre

uma vez, em roma, sentada na calçada de uma praça, vi passar uma padre. era jovem e estava correndo. mesmo assim, no meio da correria, parou para me olhar, sentada ali. eu o vi me olhando e imediatamente me apaixonei. penso que foi recíproco. logo em seguida ele seguiu no que fazia. lembro só de um olhar ao mesmo tempo rápido e arregalado e um rosto livre, por um momento, do medo e da tensão das coisas. já se passaram quase trinta anos, mas ainda estamos lá, eu e ele, eu sentada e ele de passagem. se você não acredita, passe lá e veja.

3 comentários:

  1. tudo parece tão sensato, tão absurdo, como se cristo chegasse e uma madalena lhe correspondesse e lhe oferecesse a mão. tudo matemático, como dois em um na soma dos catetos. terra de loba e remo, no entardecer do coliseu...

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  2. quantas vezes penso que preciso de um padre. para ouvir, escutar e depois falar. não mandar rezar. sentar em algum lugar da sacristia, tomar café e conversar. nada parecido com dispositivos de análise. não. repartir o pão torrado e o café quente e levar o pensamento onde pudesse voltar em prosa, poesia, história, geografia, biologia, não a matemática. não lhe tenho talento, abstração para tamanha grandeza. o ritual do missal, do véu e do terço não conseguia contar uma história que levasse a outras para voltar com outras. Não houve padre. só um, de olhos verdes, que a adolescência buscava saber o que eles escondiam. acontecia tanta coisa naquela época, que um par de olhos não bastaria. mas já que ele era padre e francês. mas, na igreja cheia, do final do dia de domingo, só eu via os olhos do padre. e voltava para casa, mais cheia de tanta coisa. tem outros padres e outras estórias. quem sabe, pode contar outra vez?

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