domingo, 17 de novembro de 2013

pio

tem o que parece vindo da água. o outro é rápido. um é longo e imprevisível. tem um que muda a cada vez. outros aparecem só uma vez por ano. com esse um, agora, a gata se assustou. ouvi-los me acalma sem que eu saiba. se eles param, é como se algo, que não sei o que é, mudasse. eles existirem, estarem aqui, sem saberem de mim e eu pouco deles, não dá sentido, mas é como um sopro na vida.

2 comentários:

  1. adoro o que você escreve! me enche de algo que eu também não sei o que é.

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  2. um pio de vida sopra do lado de fora, no alto do pinheiro que já chegou ao sétimo andar. o pio é do filhote protegido nos gravetos construídos no leva e trás, bico a bico, por um tempo que acompanho, cada vez que chego na janela. altivos nas suas cores, amarelo, branco e preto, bem-te-vindos em voos constantes que revezam para trazer alimento para o pio que virá bem-te-vi, bem-te-vi. a janela, o pinheiro e o som não vieram com a mudança de casa. quando criança, ouvia, no final da tarde, o seu canto que sempre ficou misturado com o pio de melancolia quando o dia se recolhe antes de abrir a noite. Nem um pio, nem uma palavra, silêncio!

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