sábado, 23 de novembro de 2013

transcendência

ouvi falar de um estilo, no cinema, chamado de transcendente. o conferencista falou em dreyer, ozu e bresson. mas, na sua opinião, esses cineastas praticariam o chamado estilo transcendente porque, por trás da prioridade que eles dão às sutilezas, ao silêncio e às tomadas longas, o espectador percebe, inevitavelmente, que há algo maior, transcendente. desculpe, mas não concordo. se há mesmo transcendência nesses filmes, ela está justamente na gota de chá que escorre do saquinho, no vidro quebrado da janela, na demora para pegar os talheres. e o mesmo no filme inesquecível sobre o qual se falava: my father, my lord. o menino, protagonista, está sim no domínio do transcendente, mas que não é o do pai, rabino devoto. está no seu relacionamento empático com as coisas, os animais e as pessoas. na imanência, onde, se há algum deus, ele estará.

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