melhor do que fazer as coisas certo, é fazer as coisas leve, mesmo quando elas são pesadas. as coisas certo envaidecem, mas causam solidão. ninguém quer muito a companhia de quem faz tudo certo.
ela é ( ou era)silenciosa. vira uma companheira, para todas as horas, meses e anos. já mais de vinte. cria escaninhos para guardar lembranças, rituais para afastar o mal e aproximar o bem, rondas noturnas para examinar os perigos domésticos, olhar para fora da janela e ver as luzes ainda acesas, listar o que não foi feito e o que tem ser feito no dia, na vida inteira, quando ela, a vida, vai estreitando o seu tempo. aqueles do seu tempo, mais velhos, começam a ir embora. e os mais próximos um pouco mais adiante, também. a urgência da vida é passagem transcrita de uma gaveta de guardados de uma artista plástica, que sublima e cria. ela não é mais silenciosa, quando o diário de angústia parecia lhe bastar. ela agora tem gritado, no tanque da área de serviço, nas calçadas irregulares e as vezes quebradas, que podem lhe derrubar, na água do chuveiro que não corre com a mesma força, no controle remoto que muda de canal, na avalanche de por ques. o bordão do cansaço e do difícil não é leve. acho que ninguém também quer a companhia de quem vive como se tivesse feito tudo errado. em tempos de exclusão e inclusão, teorias sociais não ajudam almas solitárias.
meus livros: livro dos começos (cosac & naify); írisz: as orquídeas (companhia das letras); o que os cegos estão sonhando (ed.34); a verdadeira história do alfabeto (companhia das letras); todas as coisas pequenas (hedra); do princípio às criaturas (capes); folha explica macunaíma (publifolha); ver palavras, ler imagens (global);quando nada está acontecendo (selo martins)
Que merda.
ResponderExcluirela é ( ou era)silenciosa. vira uma companheira, para todas as horas, meses e anos. já mais de vinte. cria escaninhos para guardar lembranças, rituais para afastar o mal e aproximar o bem, rondas noturnas para examinar os perigos domésticos, olhar para fora da janela e ver as luzes ainda acesas, listar o que não foi feito e o que tem ser feito no dia, na vida inteira, quando ela, a vida, vai estreitando o seu tempo. aqueles do seu tempo, mais velhos, começam a ir embora. e os mais próximos um pouco mais adiante, também. a urgência da vida é passagem transcrita de uma gaveta de guardados de uma artista plástica, que sublima e cria. ela não é mais silenciosa, quando o diário de angústia parecia lhe bastar. ela agora tem gritado, no tanque da área de serviço, nas calçadas irregulares e as vezes quebradas, que podem lhe derrubar, na água do chuveiro que não corre com a mesma força, no controle remoto que muda de canal, na avalanche de por ques. o bordão do cansaço e do difícil não é leve. acho que ninguém também quer a companhia de quem vive como se tivesse feito tudo errado. em tempos de exclusão e inclusão, teorias sociais não ajudam almas solitárias.
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