quinta-feira, 22 de outubro de 2009

pássaro

o zezinho é o jardineiro da escola onde eu trabalhava. conversando com ele, vi que ele gostava muito de passarinhos, como eu, embora eu não entenda nada sobre eles. num outro dia, apareceu no meu quintal um passarinho manco. guardei ele numa caixa, coloquei água numa tampinha de garrafa e espalhei farelo de pão. cobri com um cobertor e deixei ele lá uns três dias, até ele parecer mais animado. mas não voava. no quarto dia, resolvi levá-lo para o zezinho, porque achei que ele saberia cuidar melhor. o zezinho identificou o passarinho na hora: era uma coleirinha. depois de alguns dias, o zezinho me disse que a coleirinha tinha ficado boa, já tinha voado, e que ele tinha uma surpresa para mim. me levou até a pequena garagem onde ele guarda suas coisinhas e me deu uma escultura de passarinho. disse assim: eu fico olhando as árvores aqui da escola e vejo formas de pássaros nos galhos. daí eu só corto e pinto, porque o pássaro já estava lá. e foi assim. troquei um pássaro de verdade por outro, talvez mais de verdade ainda.

2 comentários:

  1. Conhecer sábios é bom; sábios cheios de ternura como o Zezinho, uma bênção. Beijos.

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  2. Noemi, gosto de vir passear em seu blog e curtir a sua sensibilidade.Que história linda!
    Eu amo passarinhos, uma coisa que herdei de meu pai,que sabia o nome deles. Eu escrevi uma poesia para meu pai e os passarinhos:

    Em Guaibim é assim
    vento vem, vento traz

    canário da terra, sabiá da praia, papa capim,
    pica pau,
    pássaro preto, assanhaço, caga sebo,
    fogo pagô,
    cardeal, bem te vi, beija flor

    e pai, passarinho
    de alma tão delicada
    pousado na rede a espera
    dos pássaros na hora marcada.

    Um abraço,
    MArtha

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