quinta-feira, 5 de novembro de 2009
vida
esses dias estive com uma pessoa muito velha, mas com ótima saúde e aparência. o problema é que é uma pessoa extremamente vaidosa, com toques racistas, traços de ódio pela família que aparecem quase involuntariamente e um vasto leque de preconceitos e idiossincrasias bobas. enquanto conversava com ele, tive uma visão horrível, que me assusta até agora: pensei que ele era idêntico a uma barata que sofreu um pisão e que agoniza histericamente pela vida, girando em falso e gratuitamente. a única diferença entre ele e a barata era que essa pessoa era dotada de voz e algum tipo de pensamento. penso que, para que não nos tornemos baratas desesperadas, é preciso aprender sempre e cada vez mais a desapegar-se de si e da vida. acredito que seja a única coisa que realmente nos separa das baratas. só desapegando-se da vida, poderemos viver humanamente, sem lutarmos doidamente contra a morte.
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Me lembrou o "Leite Derramado" do Chico. O Eulálio é bem barata. :)
ResponderExcluirÉ...
ResponderExcluirA morte, essa coisa que tanto nos prende à vida. O ser humano, o mais desumano de todos.
E minha mãe conta que eu nasci por conta de uma barata. Ela grávida, barrigão, calor do norte e eis que uma barata surge. Susto e puft! Nasci.
(Adorei aqui!)
como diz a epígrafe de um livro que fala de uma barata: "A complete life may be one ending in so full identification with the non-self that there is no self to die".
ResponderExcluirLembrei de um conto de uma americana que chama Nell Freudenberg, que li na Granta.
ResponderExcluirA narradora é uma avó quase fôfa, mas que por ser de outra época dá muita importancia a raça e religião dos outros, dos vizinhos, do namorado da neta. Ela diz coisas como: Não sei como os Estados Unidos passaram da segregação para o completo fingimento de que raça não existe.
Yes! é isso. Encontrei seu blog neste domingo e lê-lo, de frente pra trás foi a melhor coisa neste dia cinza.
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