segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

avó

na polônia, minha avó se considerava uma intelectual, por ser muito estudiosa, embora fosse de origem bem humilde. achava que o ídish era uma língua vulgar e, desde muito nova se dedicou como auto-didata ao estudo do hebraico, língua erudita e sagrada. aqui no brasil ela continuou os estudos, até dominar toda a gramática, a nomenclatura, as citações bíblicas. nós conversávamos, porque eu estudava hebraico na escola e ela se sentia envaidecida por perceber que falava até melhor do que eu. na primeira vez que ela foi para israel, carregada de expectativas, frustrou-se terrivelmente. ela falava tão bem, que ninguém se surpreendeu com isso. ao contrário, tratavam-na normalmente, como uma israelense. e o que é pior, todo mundo falava hebraico: os motoristas de ônibus, os encanadores, os eletricistas. que língua chucra é essa em que se pode falar "a válvula quebrou", de modo tão natural?

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