quinta-feira, 14 de outubro de 2010

bacalhau

sozinha em são paulo, me dei de presente ir ao antiquarius, comer bacalhau. mas nenhum, nenhum bacalhau aguenta as conversas que ouvi: "tenho mais perfil corporativo que de empreendedorismo"; " com uma conversinha aqui, outra ali, elegemos ele prefeito fácil, fácil"; "não quero dispor da ligia de forma alguma; ela é uma excelente funcionária"; "se esse partideco ganhar, melhor; assim me mudo de uma vez pros estados unidos e abro uma consultoria"; "quanto vai sair: doze, no máximo doze milhões; quinze, nem pensar"; "uma mensalidade escolar aqui em são paulo não sai por menos de três mil reais por mês, contando balé, inglês e umas aulinhas de teatro" e o mais indigesto de todos, ainda regado ao som de uma bossa-nova de elevador: "os banheiros aqui de são paulo não se comparam com os da suíça".

4 comentários:

  1. A indigesta burguesia.

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  2. "enquanto houver burguesia..não vai haver poesia..." só tomando muito vinho pra aguentar!

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  3. Noemi,
    e eu que fiz um passeio de trenzinho, entre Campos do Jordão e Santo Antonio do Pinhal, onde na estação tem o melhor bolinho de bacalhau da região! E comentários também.
    "Isso é que é vida, né bem?"

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  4. Eu almoço sozinho muitas vezes, e acho inacreditável como é difícil ouvir uma conversa interessante, uma frase bem humorada. As pessoas almoçam "trabalhando" e se levando a sério. Tentei escrever um texto de teatro só com frases soltas colhidas na rua, mas ficou difícil. Parece que a vida real das pessoas ficou chata e só a ficção é interessante.

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