terça-feira, 26 de outubro de 2010

finalidade

imagino que, em função de uma das acepções do verbo "dar" ser a de "resultar", como em "dois em dois dá quatro" ou como em "deu uma dor nas costas", os falantes do português, por associação, acabaram criando a ideia de uma coisa "dar certo" ou "dar errado". é, no fundo, a ideia de que uma coisa resultou certa ou errada. isso, aplicado a relacionamentos, é terrível. um relacionamento resultar errado significa que, como finalidade, ele não correspondeu ao que se esperava dele. mas desde quando um relacionamento é a sua finalidade? se ele aconteceu, ele "se deu"; não "deu certo nem errado". aconteceu. e, até onde sei e acredito, é disso que se trata estar junto.

3 comentários:

  1. Me faz pensar em tudo que não tem uma finalidade, como amar. Não há finalidade em amar, é estar amando. Como seus particípios, estados constantes: amante, sol poente...e tudo que escrevemos, no instante, na estante, sem finalidade alguma, apenas se escrever, como disse você.
    Beijo,
    Maice

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  2. tenho contato na cabeça o tempo da última leitura que me fez sentir feliz. 6 meses. Graça Nascimento, a mulher mais crua, nua e sertaneja que tive o prazer de degustar nas palavras.

    Quanta delicadeza na escolha - ou na aleatoriedade - da fala. harmônico, simples, direto.inteligente e interligado. ler-te, é sem dúvida um grande prazer.

    G.A

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  3. Ê, prof... mais um post especialíssimo, de verdade!
    Um beijo grande,
    Juliana.

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