domingo, 17 de junho de 2012

concretude

todas as palavras que hoje são abstratas, um dia tiveram origem concreta. teoria é assistir a torneios esportivos; especulação é observação das estrelas; hermenêutica é a arte de entregar mensagens; explicar é desfazer dobras; ideia vem de enxergar; razão é divisão; angústia é passagem estreita e, como essas, milhares de outras. é por isso que sempre digo que a poesia é a linguagem mais concreta que existe e não, como muitos pensam, a mais abstrata. porque a poesia é a linguagem que acede verticalmente à natureza das palavras e, por isso, ler poesia é como pegar, cheirar, ver e ouvir as coisas em seu estado de maior imanência.

3 comentários:

  1. noemi, oi.
    eu estudo grego e latim (e tenho aula com o professor alcides vilaça, de literatura brasileira I, o que aliás, me fez lembrar de você e seu último post, porque lia justamente 'esquecer para lembrar', do drummond. e talvez fosse com o drummond que você quisesse conversar...)
    me sinto especialmente tocada quando há posts como esses, onde a concretude das palavras da nossa língua é exposta, pensando de onde viemos. e me faz parecer mais leve o fardo de carregar tantas declinações nas costas, tantos particípios, quando penso que isso também me levará às sutilezas da minha língua mãe.
    obrigada, vir aqui é sempre sorrir.
    mayara

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  2. Même, ainsi que la vie, quand en rapprochant une qualité commune à deux sensations, (l'écrivain) dégagera leur essence commune en les réunissant l'une et l'autre pour les soustraire aux contingence du temps, dans une métaphore.
    Proust - Temps retrouvé

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  3. Oi, Noemi.

    sua escrita me fisgou de vez. é um alumbramento passar aqui no seu Blog.

    obrigado

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