terça-feira, 12 de junho de 2012

esquecimento

quanto mais vivo, escrevo, leio e pesquiso, mais tenho a sensação de que aquilo que se esquece é mais importante, para o indivíduo e para a coletividade, do que aquilo que se lembra. quando o que se esqueceu ressurge, por esforço mnemônico, por documentos buscados ou casualmente surgidos, por atos falhos ou por acaso simplesmente, revela-se mais sobre o presente do que tudo aquilo que dizemos, ou que nos esforçamos por lembrar.a psicanálise já tinha dito isso e explica o fenômeno com termos como recalque e repressão. mas, para além (ou aquém) disso, no plano linguístico e existencial, sinto (mais do que penso) que a memória é um depositário de esquecimentos, mais do que de lembranças. e que é no que se esquece que estão os cadinhos estalactíticos da poesia.

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