terça-feira, 1 de abril de 2014
tia
enfiava as duas notas de cinco na carteira, que a menina da banca me trocou por uma de dez, quando o moço, jovem, velho, não sei, me flagrou no gesto e disse ô tia, me dá uma dessas, quero tomar um café, moro na rua. não olhei para ele, nem dei a nota, continuei andando e ouvi, ao longe, ô, tia, não faz isso, tia, não faz iissoo, já gritando. à tarde, mandei minha cachorra, ainda bem nova, para o primeiro banho fora de casa. deixei-a entrar na gaiola de um carro desconhecido e ela foi. voltou limpa, com dois lacinhos amarelos nas orelhas e assustada. acordo hoje com o mendigo e os lacinhos na minha cabeça. merda de vida.
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É, a gente é capaz de cada coisa... Machado de Assis ja dizia.
ResponderExcluirAs entrelinhas do cotidiano cifradas pelo sono às vezes acabam em descolamento obsceno....
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