segunda-feira, 19 de março de 2012

ela

duas atitudes completamente distintas diante da vida se revelam nas respostas "sou eu" ou "é ela", à pergunta "fulana está?", dita ao telefone. não compreendo muito bem o que significa o eu que responde "é ela". é alguém que trata a si mesmo como o outro do interlocutor que o procura ao aparelho. como se, neste momento, o eu abandonasse sua casa e se tornasse o receptor impessoal de alguém que o busca. logo depois dessa resposta vicária, entretanto, o eu retoma a conversação e assume seu posto: "oi, eu posso ir ao cinema; eu estou almoçando" etc. qual é o momento da passagem do ela para o eu? o quanto não há de medo na recusa do eu em dizer "sou eu", como se ao revelar-se assim cruamente, o eu se expusesse ao desconhecido?

4 comentários:

  1. uma brincadeira de esconde-esconde, só isso.

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  2. então desligou o telefone e saiu assoviando um chico pela casa: porque era ela, porque era eu...

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  3. Eu respondo "sou eu" e as pessoas ficam meio desconcertadas. Aí quando respondo "é ela", o desconforto é zero. Deve ter bastante a ver com sua explicação...

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  4. Acho que você abriu meus olhos para algo importante!

    Algo aconteceu!

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