segunda-feira, 29 de março de 2010
raiva
gary hill batendo seu corpo contra a parede, enquanto diz que não se reconhece mais , que seus membros não lhe parecem seus, faz reconhecer o tempo e a velhice de maneira tão táctil e agressiva, que eu saí da exposição nervosa e trêmula, pensando em que lugar da memória vou guardar ou desguardar essa sensação e o meu medo. olhar de maneira tão próxima essa separação entre o corpo e os pensamentos, de que forma as mãos, os pés, a barriga vão lenta, e às vezes rapidamente se afastando da mente, causa um efeito como de frankenstein. como se não fôssemos nós mesmos a olhar a obra. acho que a violência do gesto de gary hill é uma tentativa de reunificar tudo. talvez a violência, a raiva, sejam mesmo um bom caminho para a sensação, às vezes doce, às vezes terrível, da passagem do tempo.
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