domingo, 21 de março de 2010

safári

eu tinha doze anos e ele quatorze. estávamos apaixonados, mas ele era muito sério. era o líder intelectual da turma, já conhecia o pensamento de esquerda e, por isso, apaixonar-se era um pouco burguês. não demonstrava muito afeto e carinho em público, nem pensar. eu me ressentia disso. um dia ele apareceu de conjuntinho safári. não dava, eu não conseguia nem dar a mão. ele não entendeu nada; se sentiu rejeitado. foi minha vingança burguesa. safári não dá.

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