sexta-feira, 11 de junho de 2010

demora

algumas coisas demoram. moram mais tempo, saem do tempo. nos observam, incuriosas e um pouco displicentes. poderiam perguntar-se: "será que ele(ela) vai aguentar esperar?" mas nem isso se perguntam. aguardam aconchegadas na morada dos dias, dos meses, dos anos, até chegar sua vez de acontecer. não têm pressa. deixam-nos aflitos e talvez até se divirtam com nossa ansiedade. é preciso olhar para elas, lá no alto da montanha, na rachadura de uma rocha, no fundo da terra onde elas costumam ficar até chegarem aqui, e fitá-las calmamente. no máximo, murmurar: "está bem, coisa. eu espero por você."

2 comentários:

  1. Aí vai uma coisa que demora, para que more:
    "Até onde entendo, os bons palestrantes, assim como as pessoas boas, têm a capacidade de nos tirarem dos nossos lugares comuns. Saímos de encontros assim com a alma cravejada dos diamantes que nos ofereceram, recém parindo mil ideias que fervilham através de cada um dos nossos poros.

    Eu sempre receio perder, no vazio do que vem depois, cada uma delas, tenho realmente tanto medo de perdê-las a todas ou quem sabe apenas aquela uma que me fará falta, que perco a noite de sono e escrevo escrevo escrevo.
    Alguns desses bons palestrantes, um bom número até, permanecem-nos na memória por semanas, meses. Levantam-se de repente, do meio das brumas do que fomos, e lembram-nos de uma palavra, uma frase, um autor. E com essa lembrança devolvem-nos a esperança que sentimos quando os ouvimos, a esperança feita de nos percebermos algo que esquecemos às vezes que somos.

    Ainda bem que temos as noites, e por elas afora podemos escrever e escrever de novo, e enviar a outros, quem sabe insones como nós, o nosso agradecimento por um dia uma palestra uma aula uma conversa.
    Obrigada, Noemi."

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