sexta-feira, 6 de agosto de 2010

torre

não tive acesso à torre. os infinitos andares subterrâneos e circulares, por onde andavam gaiolas de aço gigantes, tinham catracas, controles automáticos, senhas e cartões que eu não possuía. precisava falar com auto-falantes, me identificar, me credenciar e a cada andar a espécie de visitante era diferente. pedestre? funcionário? carona amiga? idoso? cadeirante? visitante? trabalho temporário? os controladores diziam, através de suas caixas falantes, que eu era a mesma. a mesma se encontra no g2. a mesma está se encaminhando para o g3. a mesma não está credenciada. quando saí de minha pequena gaiola, decorei o número e a letra: c9. fui me dirigindo à torre que várias placas enormes anunciavam: acesso à torre, acesso à torre, acesso à torre. subi sete escadas rolantes, perguntei muitas vezes onde ficava o auditório, recebi um crachá e cheguei ao que imaginava ser a torre. lá, uma pobre mulher me esperava aos berros. eu estava muito atrasada e já haviam encontrado uma outra pessoa para me substituir. fiquei parada olhando os estudantes chineses sorridentes passando para entrar na torre. fui enviada de volta ao c9 no g3, que, na verdade, era b9 e eu estava bloqueando outra gaiola. seria satisfatório, o homem falou, que a mesma se retirasse. a mesma se retirou. a mesma não quer ter acesso à torre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário