domingo, 6 de setembro de 2009
cossacos
há dias que não me saía da cabeça uma canção russa, de um exército de cossacos, mas cuja letra eu só conheço em hebraico. o refrão diz assim em português: não temos rédeas, mesmo não tendo cavalos; se nos perguntarem sobre o que nós montamos, responderemos: nós montamos sobre nossos cavalos. essas palavras sintetizam uma ideia de desobediência aliada à fantasia que sempre procurei seguir. ao mesmo tempo, elas me surgiram como possibilidade de mote para um conto. mas não consegui descobrir a letra inteira da canção em russo. finalmente, depois de várias buscas, descobri a letra inteira em hebraico e consegui toda a tradução. mas, num determinado momento, a canção fala uma palavra que nenhum google me explicava: budioni. pesquisei em todos os lugares possíveis e nada. após algumas horas, já esquecida disso e depois de receber uma notícia triste, fui me refugiar em um dos livros que mais amo: cavalaria vermelha, do isaac babel. logo na introdução, o tradutor conta que babel era membro da cavalaria vermelha, onde serviam também vários cossacos. o destacamento ao qual babel pertencia era comandado pelo soldado budioni. e foi assim. quase cem anos depois da revolução vermelha, aqui no brasil, a palavra budioni saltitava na minha cabeça e dormia no livro de babel, na estante da minha biblioteca. desavisadamente, fui a ponte e o destinatário de budioni. budioni, babel, canção, cossacos, notícia ruim, tempo, vocês todos formaram subitamente uma massa única e eu agradeço a todos vocês.
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