quinta-feira, 17 de setembro de 2009

festa

quando eu ainda morava na rua correia dos santos, em frente ao colégio santa inês, cujo pátio eu ficava olhando durante horas, minha mãe me preparou uma festa de aniversário, à qual ninguém compareceu. ficamos eu e minha mãe olhando por aquela mesma janela, esperando alguém chegar e só posso imaginar que a tristeza dela deve ter sido ainda maior do que a minha. fui então, na mesma tarde, para a casa da reny, amiga bem mais rica do que eu, que morava num apartamento duplex na rua silva pinto. na casa dela havia várias amigas reunidas, todas de cochicho e sorrisinhos. o irmão mais velho da reny, charles, tinha um telefone com a forma do paul maccartney, se não me engano. num determinado momento, todas se juntaram no enorme banheiro, saíram e me disseram que eu deveria ir embora, porque elas iriam todas juntas para a casa de uma delas. insisti, disse que queria ir junto, mas elas faziam caretas e inventavam desculpas. fui embora, sabendo que era tudo mentira. se eu contasse essa história hoje para minha mãe, ela nunca acreditaria, porque ela sabe se esquecer do que não interessa. mas eu ainda vejo meu rosto e o dela colados contra a janela e o vapor que minha boca formou no vidro.

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